Alunos Autores: Iasmin Marinho e Renato Mesquita
1. Comente, com base em seus estudos e vivências na inclusão, quais suas expectativas dos avanços e retrocessos da inclusão educacional no Brasil futuramente.
- Entendo que a Educação Especial é parte da educação básica e geral e a escola tem por uma de suas responsabilidades, organizar-se de forma a permitir aos educandos, a aprendizagem de conteúdos específicos de cada nível ou série. Nesta compreensão, as necessidades educacionais especiais referem-se à presença de dificuldades para aprender alguns conteúdos do currículo básico. Paradoxalmente, espera-se que o sistema escolar deva adequar-se ás necessidades dos alunos.
- Quanto a avanços e retrocessos: inegavelmente, conquistamos muito com o aporte legal vigente. Em termos de garantia de direitos, desde a Constituição da República Federativa (1988), passando pelo ECA, pela LDBEN 9394/96, pelos decretos de 2001/2002, até os mais atuais que abordam a educação dos surdos (Libras) esses instrumentos ainda nos instigam à reflexão. Contraditoriamente, são alguns destes mesmos instrumentos, os algozes da inclusão: como indicar, preferencialmente, a educação de crianças e jovens com deficiências na escola regular, se as primeiras barreiras encontradas são em relação à constituição de pessoa? Como definir quem é ou está deficiente (ao menos no que reporta ao “nó” da deficiência intelectual)? Ora, quem pretende dar a primazia a algo ou alguém, pode acabar abrindo a porta da exceção... Garantir que o aluno deficiente esteja matriculado, não garante, de forma alguma, a sua permanência: esta, está ligada e entendimentos, políticas, planos que ultrapassam a legislação; envolve pessoa e envolve qualidade. Os índices só retratam o aumento de matrículas, mas não mostram quantos permanecem, efetivamente, e quantos são alijados do sistema e se deslocam para a EJA, por exemplo. Neste sentido, desconfio das boas intenções da inclusão (se se pretende incluir é porque alguém está de fora!!!!!)
- Percebe-se, pois, que a história da profissão docente não se dissocia do lugar que seus membros ocupam nas relações de produção e do papel que desempenham na manutenção da ordem social. No momento em que a escola se impõe como um instrumento privilegiado de estratificação social, os professores também passam a ser investidos de ilimitado poder: podem promover a ascenção (integração/inserção/inclusão) do aluno diferente ou a sua estagnação (exclusão). Neste caso, a diferença não é vista como sinônimo de diversidade: diferença tem o peso do entendimento negativo, em que ao aluno são atribuídas características que o transformam em deficiente. Dadas as peculiaridades, cada aluno deveria receber atendimentos diferenciados, sem que isto se constituísse demérito e desencadeasse um processo de marginalização. Ao contrário, tais entendimentos justificar-se-iam na medida em que se reconhecesse que todas as pessoas diferenciam-se umas das outras, e que podem conviver, harmonicamente, a partir desta diferenciação. E esta convivência não deveria ser interpretada como uma concessão de um determinado grupo a outros, mas sim, como um direito que a sociedade reconhece que todos têm, sem discriminação.
- Desta forma, para garantir o êxito dos trabalhos na escola inclusiva, algumas condições devem ser consideradas, quais sejam: apoio de especialistas, unificando os dois sistemas e adaptando-os às necessidades de todos os alunos; a potencialização das formas de intervenção, isto é, a aplicação dos sistemas consultivos e de intervenção direta em sala de aula comum, por meio do ensino cooperativo; a adoção de uma nova organização escolar, propondo a colaboração, o ajuste mútuo, as formas interdisciplinares e o profissionalismo docente. Baixe em PDF entrevista na íntegra